Algum dia sentis-te medo?
Medo de perder tudo o que tens de um momento para o outro?
Medo que um qualquer doutor te diga que apesar de não teres dores estás a morrer?
Medo que um carro sem condutor bata contra o teu e te deixe encarcerado sem sentir as pernas?
Medo que o amor da tua vida te largue a mão e siga noutra direcção?
Medo que a pessoa que mais amas desapareça sem despedidas?
Medo que a vida deixe de dar vontade de viver?
Algum dia tiveste mesmo medo?
E algum dia estiveste sozinho com medo?
Não dói!
Mas faz-te sentir a morrer aos poucos não faz? Encarcerado sem sentir as pernas. Sem direcção. Porque sem as pessoas que mais amas a vida perde momentaneamente todo o sentido, não é?
Já gritas-te a palavra medo?
Não faz sentido pois não?
Há medos pequenos, há medos maiores, há medos e medos.
Alguma vez sentiste o peito gelado, a garganta com um nó, as lágrimas a arderem nos olhos com vontade de sair, os olhos abertos as sobrancelhas franzidas, o olhar perdido... já?
Parece que todos temos medo...
E porque é que a partir de certa idade perdem a validade os carinhos contra o medo, as mãos na nossa a reconfortar, os abraço sem segundas intenções, os ouvido atentos, os olhares compreensivos... Parece que a partir de certa idade deixamos de ter o direito a ter medo.
Porquê?
Os adultos também temem monstros. E os monstros dos adultos são reais. Demasiado reais.