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terça-feira, 28 de agosto de 2012

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Tens sabor de laranj'ananás, de morango e frutos silvestres. Tens sabor de tudo o que quero, de tudo o que me apetece, de tudo aquilo a que sabem os sonhos e as fantasias. Sabes a pecado e a vontade, sabes ao que nunca provei e ao que provo todos os dias. Sabes a gelado, gelado de menta. Sabes ao que não sabes, e ao que nem eu sei. Sabes que sei que sabes a mais, sei que sabes que mesmo sem provar sabes à mais saborosa tentação. E a essa sabemos ambos.

Um texto é como um prato de cozinha, mesmo juntando os mais simples ingredientes, no final, só algumas bocas apreciarão o sabor.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

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O que vende hoje em dia? Sexo vende. Sempre vendeu. Teresa sabe disso. Teresa lucra com isso. Não que venda sexo, ou que compre esse serviço, mas porque sabe que todos os homens que a olham quando passa desejam compra-la por umas horas. Usa-la e saboreá-la de todas as formas possíveis. 
Teresa sabe disso. E Teresa veste-se para isso...
Para que olhem e desejem, para que fantasiem e tenham vontade de persegui-la, tal qual presas indefesas a caminhar do matadouro.
Os lábios vermelhos sorriem ao vê-los correr atrás da sua própria morte. Que ingénuos são e que instintos primários os guiam. Mas nada os faria perceber que Teresa não é inocente e pura, nem doce e atraente como aparenta. Teresa é uma arma letal, como o vestido preto, curto e justo que veste habitualmente.

Teresa, Teresa é o seu nome, embora ninguém a conheça por esse nome. Teresa lucra com sexo mas não é puta, é assassina e não usa armas.

Teresa mata por prazer e morrer, é o último dos prazeres…

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

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Primeiro escolheu do armário as armas. Com a minúcia de um olhar experiente escolheu as mais fatais. Colocou-as uma a uma em cima da cama fazendo-as encaixar, como quem mistura os ingredientes de um veneno mortal. E despiu-se... Fechou os olhos e acariciou-se. Adorava o seu corpo e desejava-o. Perfumou-o, assim nu, e desejou-se mais ainda. Adorava um dia poder sair de si e consumir-se.
Abriu os olhos e, sorrindo, pegou na primeira peça da arma e começou a subi-la lentamente pelo pé, joelho e coxa, quase até à nádega. Colocou a segunda peça, devagar, gostava de apreciar aquele momento. E, logo de seguida, a terceira peça encaixou-a na anca, prendendo-a nas duas primeiras. A quarta peça tapou-lhe os seios.
Olhou-se no espelho.
Estava montado o esqueleto da arma negra e decotada. Cheirava a veneno e a pecado. Agora o vestido preto, curto e justo. O salto alto era vermelho. O relógio de prata. A pulseira fina e de bom gosto. O fio de pérolas e os lábios tão vermelhos quanto o seu sangue. O cabelo liso, castanho e suave envolvia-lhe as costas magras e sensuais...

Teresa era o seu nome, vestia a pele de uma predadora nata. Era uma arma letal, pronta a disparar num alvo escolhido a dedo e a olho.

E Teresa estava pronta.

terça-feira, 26 de julho de 2011

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Entrou e sentou-se...
Olhou-a de soslaio como quem não quer saber. Ela olho-o de volta, tinha olhos verdes, daqueles que não deixam ninguém indiferente.
Demoraram o olhar um no outro, como se estivessem a avaliar-se mutuamente, ela cedeu primeiro, ele demorou-se mais alguns segundos.
Ele bebia Jack Daniel’s e consumia-se de desejo a cada trago...
Ela bebia Martini e fingia ignora-lo enquanto brincava com o copo.
Ela vestia um vestido preto, sem decote, mas justo o suficiente para lhe revelar as formas acentuadas do corpo.
Ele tinha olhos castanhos, pele morena e um perfume estonteante. Vestia uma camisa branca que lhe fazia sobressair os ombros. Tinha um ar descontraído e sensual.
Ela estava com uma amiga mais bonita do que ela, mas vazia de charme ou interesse.
Ele estava só. Gostava de sair sozinho, a solidão deixava-o consumir aquela morena de olhos verdes, despi-la e possuí-la. Deixava-o sentir-lhe o gosto e a pele e fazer tudo o que quisesse sem sair daquela cadeira, sem ter de fazer conversa de circunstância com ninguém, sem largar o seu whisky e o seu lugar privilegiado no bar.
Ela desejava estar sozinha, a companhia não era amiga e a música do bar não era boa. Apetecia-lhe um jazz suave que acompanhasse o Martini, apetecia-lhe mudar de companhia e sentar-se ao balcão do bar, mesmo ao lado daquele perfume e daquele whisky.
O último gole... um último olhar à sua volta, o rio caía em cascata a poucos metros do bar, num som envolvente e relaxante, a esplanada estava quase cheia de barulhos, de pessoas e de cigarros, a noite estava amena e quente. Um último olhar na mulher fabulosa que lhe preenchera a noite, tinha agora um olhar triste e perdido. Não teve vontade de nada naquele momento. Levantou-se e caminhou em direcção ao exterior do bar, com os olhos presos no olhar dela.
Ela bebeu num trago o pouco que lhe restava de Martini e suspirou, a música era comercial, as maquilhagens exageradas, as conversas desinteressantes, os sorrisos falsos. Queria tanto poder ir embora naquele momento... Olhou de novo para o balcão do bar, para recordar o olhar e a figura masculina que a prenderam há alguns minutos ou horas atrás. O seu coração disparou, ele caminhava na sua direcção, com o olhar preso em si...
Olhou-a tão fixamente enquanto andava que ela o olhou de volta, olharam-se novamente, desta vez com mais intensidade, com mais envolvência, olharam-se com tal desejo que quase se despiram mutuamente ali, em pleno bar. Mas desta vez ele cedeu primeiro, desviou o olhar para a rua e seguiu sem olhar para trás.
Ela desacelerou o coração e teve vontade de correr atrás dele, de o agarrar e de descobrir aqueles ombros fortes. Deixou-se estar. Suspirou novamente, olhou a amiga bonita e retomando a conversa vazia pediu outro Martini...

sexta-feira, 15 de julho de 2011

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Se sou sensual? Não, não sou. Acho que nunca tentei sê-lo. Pelo menos nunca treinei em frente ao espelho. Mas sabes, tenho pele macia, lábios carnudos, especialmente o inferior, geralmente sabem a cereja quando uso o tal baton. Ah e tenho uma cicatriz que se nota ao tocar e ao beijar.
Tenho olhos vulgares à primeira vista mas que se salpicam de verde quando me fazem chorar.
Tenho um sorriso contagiante com dentes imperfeitos, e não me é difícil que toda a gente à minha volta fique de bom humor.

Tenho uma energia boa. Posso gabar-me disso.

Fico tímida de mini saia e vivo um amor impossível com saltos altos.
Um dia sonhei ser modelo mas não sei o que fazer quando me apontam uma objectiva.
Gosto de autoretratos, adoro polaróides.

Não, também não sou bonita. Não tenho aquela beleza que pare o trânsito ou que marque a memória das pessoas. Sou alta e elegante e isso torna-me distinta.

Sou clássica. Amo o antigo mas odeio o "antigamente".
Gosto de quem sou, mas tenho medo do que poderia ser.

Não, mas sensual não.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

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Ás vezes sou difícil de escrever ou descrever em meras palavras, mas hoje passei-me para texto.
E aqui estou em formato de letra, mas de um tipo frágil, como se tivesse pele, musculos, orgãos e coisas frágeis. Como se bastasse um sopro para me derrubar. Tem estado tanto vento...
Sou pequenina, tão pequenina que cabia no teu abraço se pretendesses proteger-me das tempestades.
Dói-me o peito muitas vezes, não sei porquê, nem sei por onde, mas é do lado do coração, tenho medo de morrer, ah mas as letras não têm coração, nem peito, nem dores!
Por isso hoje vim "pr'aqui", hoje sou só um texto, porque lida por ti nada me derruba, nada me dói, sou forte, imponente e não serifada, sou isto visto por ti, que quanto a mim já não estou aqui.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

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Desceu a rua, deu-lhe a mão e caminharam.
Os olhos perdiam-se no horizonte e o vestido sujo cheirava ao mesmo que os bichos imóveis que jaziam na berma.
Os olhos estavam limpos, todos os dias se lavavam em água salgada.
O vestido dava de seu azul ao céu, e ao vento.
Os olhos davam de seu brilho ás estrelas, e à lua.
Os dias pareciam mais azuis e mais bonitos, e as noites pareciam mais brilhantes e mais frias.
E de mão dada andavam, quanto mais andavam mais pequeno se tornava o horizonte, e quanto mais eram as noites menos eram os sonhos, quanto mais ruas para percorrer, menos a vontade de andar. Estava sempre tudo mal quando tudo parecia demasiado bem.
Naquele dia o vestido ficou incolor, gasto, sujo e com o mesmo cheiro que os tais bichos imóveis, os olhos cederam de tal forma o brilho que ficaram de uma opacidade negra e fecharam-se.
Nesse dia a mão largou-a e ela morreu.
Nesse dia mais duas pessoas sentiram a mesma mão, duas novas pessoas dormiram a sua primeira noite ao relento, menos uma pessoa dormiu nas ruas, e, nesse dia, o sol brilhou como em todos os outros dias, as estrelas cintilaram e a lua iluminou caminhos como em todas as outras noites…
Nesse dia ninguém notou nada. Era só mais um dia normal.