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terça-feira, 26 de julho de 2011

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Entrou e sentou-se...
Olhou-a de soslaio como quem não quer saber. Ela olho-o de volta, tinha olhos verdes, daqueles que não deixam ninguém indiferente.
Demoraram o olhar um no outro, como se estivessem a avaliar-se mutuamente, ela cedeu primeiro, ele demorou-se mais alguns segundos.
Ele bebia Jack Daniel’s e consumia-se de desejo a cada trago...
Ela bebia Martini e fingia ignora-lo enquanto brincava com o copo.
Ela vestia um vestido preto, sem decote, mas justo o suficiente para lhe revelar as formas acentuadas do corpo.
Ele tinha olhos castanhos, pele morena e um perfume estonteante. Vestia uma camisa branca que lhe fazia sobressair os ombros. Tinha um ar descontraído e sensual.
Ela estava com uma amiga mais bonita do que ela, mas vazia de charme ou interesse.
Ele estava só. Gostava de sair sozinho, a solidão deixava-o consumir aquela morena de olhos verdes, despi-la e possuí-la. Deixava-o sentir-lhe o gosto e a pele e fazer tudo o que quisesse sem sair daquela cadeira, sem ter de fazer conversa de circunstância com ninguém, sem largar o seu whisky e o seu lugar privilegiado no bar.
Ela desejava estar sozinha, a companhia não era amiga e a música do bar não era boa. Apetecia-lhe um jazz suave que acompanhasse o Martini, apetecia-lhe mudar de companhia e sentar-se ao balcão do bar, mesmo ao lado daquele perfume e daquele whisky.
O último gole... um último olhar à sua volta, o rio caía em cascata a poucos metros do bar, num som envolvente e relaxante, a esplanada estava quase cheia de barulhos, de pessoas e de cigarros, a noite estava amena e quente. Um último olhar na mulher fabulosa que lhe preenchera a noite, tinha agora um olhar triste e perdido. Não teve vontade de nada naquele momento. Levantou-se e caminhou em direcção ao exterior do bar, com os olhos presos no olhar dela.
Ela bebeu num trago o pouco que lhe restava de Martini e suspirou, a música era comercial, as maquilhagens exageradas, as conversas desinteressantes, os sorrisos falsos. Queria tanto poder ir embora naquele momento... Olhou de novo para o balcão do bar, para recordar o olhar e a figura masculina que a prenderam há alguns minutos ou horas atrás. O seu coração disparou, ele caminhava na sua direcção, com o olhar preso em si...
Olhou-a tão fixamente enquanto andava que ela o olhou de volta, olharam-se novamente, desta vez com mais intensidade, com mais envolvência, olharam-se com tal desejo que quase se despiram mutuamente ali, em pleno bar. Mas desta vez ele cedeu primeiro, desviou o olhar para a rua e seguiu sem olhar para trás.
Ela desacelerou o coração e teve vontade de correr atrás dele, de o agarrar e de descobrir aqueles ombros fortes. Deixou-se estar. Suspirou novamente, olhou a amiga bonita e retomando a conversa vazia pediu outro Martini...

sexta-feira, 15 de julho de 2011

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Se sou sensual? Não, não sou. Acho que nunca tentei sê-lo. Pelo menos nunca treinei em frente ao espelho. Mas sabes, tenho pele macia, lábios carnudos, especialmente o inferior, geralmente sabem a cereja quando uso o tal baton. Ah e tenho uma cicatriz que se nota ao tocar e ao beijar.
Tenho olhos vulgares à primeira vista mas que se salpicam de verde quando me fazem chorar.
Tenho um sorriso contagiante com dentes imperfeitos, e não me é difícil que toda a gente à minha volta fique de bom humor.

Tenho uma energia boa. Posso gabar-me disso.

Fico tímida de mini saia e vivo um amor impossível com saltos altos.
Um dia sonhei ser modelo mas não sei o que fazer quando me apontam uma objectiva.
Gosto de autoretratos, adoro polaróides.

Não, também não sou bonita. Não tenho aquela beleza que pare o trânsito ou que marque a memória das pessoas. Sou alta e elegante e isso torna-me distinta.

Sou clássica. Amo o antigo mas odeio o "antigamente".
Gosto de quem sou, mas tenho medo do que poderia ser.

Não, mas sensual não.