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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

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Algum dia sentis-te medo?
Medo de perder tudo o que tens de um momento para o outro?
Medo que um qualquer doutor te diga que apesar de não teres dores estás a morrer?
Medo que um carro sem condutor bata contra o teu e te deixe encarcerado sem sentir as pernas?
Medo que o amor da tua vida te largue a mão e siga noutra direcção?
Medo que a pessoa que mais amas desapareça sem despedidas?
Medo que a vida deixe de dar vontade de viver?
Algum dia tiveste mesmo medo?
E algum dia estiveste sozinho com medo?
Não dói!
Mas faz-te sentir a morrer aos poucos não faz? Encarcerado sem sentir as pernas. Sem direcção. Porque sem as pessoas que mais amas a vida perde momentaneamente todo o sentido, não é?

Já gritas-te a palavra medo?
Não faz sentido pois não?

Há medos pequenos, há medos maiores, há medos e medos.

Alguma vez sentiste o peito gelado, a garganta com um nó, as lágrimas a arderem nos olhos com vontade de sair, os olhos abertos as sobrancelhas franzidas, o olhar perdido... já?

Parece que todos temos medo...
E porque é que a partir de certa idade perdem a validade os carinhos contra o medo, as mãos na nossa a reconfortar, os abraço sem segundas intenções, os ouvido atentos, os olhares compreensivos... Parece que a partir de certa idade deixamos de ter o direito a ter medo.

Porquê?

Os adultos também temem monstros. E os monstros dos adultos são reais. Demasiado reais.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

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Ondas de Vento são Marés que me agitam o pensamento,
Mas qual o Mar que vive sem marés?
Qual o Vento que vive sem se agitar?
E o pensamento? Estaria melhor ancorado?

E as ondas... ai as ondas,
Batem velozes,
Batem profundas,
Transformam-me em vozes
Em palavras contidas...

Porque ondas de vento são marés,
Vêm, trazem, voltam, levam...
E de tanto passarem no mesmo lugar alisam as terras, acalmam as vozes, calam os gritos. 

Como se nunca tivessem havido ondas, como se sempre houvessem marés...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

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Como morri?
Perdido num mundo vazio de tão cheio.
Durante anos mudei todos os dias de cama, comi de um tal pão que me matava a dependência fútil de alimento semanal, tive a honra de beber da mesma água que todas as pombas brancas e menos brancas. Perdi o hábito ou o lugar ou o conhecimento da higiene. O nojo pregou-me o olhar ao chão e a fraqueza esticou-me a mão.
Um dia acordei e estava sol, doía-me o peito e eu tinha acordado na rua, cheirava mal e as pessoas olhavam-me enojadas, mas estava sol.
Arranquei o olhar das pedras macias da minha cama e procurei apoio...
A dor aumentou.
Supliquei ajuda.
Caí de joelhos e chorei. Como nunca tinha chorado.
As pessoas não me vêem e as que me reparam desviam-se de mim. Caí no chão.
Senti-me a desmaiar.
Lembrei-me que já há muitos luares não provava o pão, nem a água…
A dor ficou mais forte e mais forte e forte! Não a aguentei.
Agarrei o peito e as vontades, agarrei o que perdi na dignidade que não sei onde deixei.
E morri ali.
No meio da rotina de tantas pessoas que nunca me viram.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

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Pedaços do que fui em folhas que já não tenho:

"Apetece-me fumar até o sol aquecer o fumo...
Apetece-me escrever até não conseguir estar acordada...
Apetece-me fugir de tudo...
Apetece-me dançar e esquecer o mundo...
Apetece-me fotografar a aurora até o sol se pôr e voltar a estar escuro na cama...
Apetece-me viver... "

de "as palavras que se repetem" por, AndreiaMateus