Algum dia sentis-te medo?
Medo de perder tudo o que tens de um momento para o outro?
Medo que um qualquer doutor te diga que apesar de não teres dores estás a morrer?
Medo que um carro sem condutor bata contra o teu e te deixe encarcerado sem sentir as pernas?
Medo que o amor da tua vida te largue a mão e siga noutra direcção?
Medo que a pessoa que mais amas desapareça sem despedidas?
Medo que a vida deixe de dar vontade de viver?
Algum dia tiveste mesmo medo?
E algum dia estiveste sozinho com medo?
Não dói!
Mas faz-te sentir a morrer aos poucos não faz? Encarcerado sem sentir as pernas. Sem direcção. Porque sem as pessoas que mais amas a vida perde momentaneamente todo o sentido, não é?
Já gritas-te a palavra medo?
Não faz sentido pois não?
Há medos pequenos, há medos maiores, há medos e medos.
Alguma vez sentiste o peito gelado, a garganta com um nó, as lágrimas a arderem nos olhos com vontade de sair, os olhos abertos as sobrancelhas franzidas, o olhar perdido... já?
Parece que todos temos medo...
E porque é que a partir de certa idade perdem a validade os carinhos contra o medo, as mãos na nossa a reconfortar, os abraço sem segundas intenções, os ouvido atentos, os olhares compreensivos... Parece que a partir de certa idade deixamos de ter o direito a ter medo.
Porquê?
Os adultos também temem monstros. E os monstros dos adultos são reais. Demasiado reais.
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sexta-feira, 3 de setembro de 2010
quarta-feira, 30 de junho de 2010
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Ondas de Vento são Marés que me agitam o pensamento,
Mas qual o Mar que vive sem marés?
Qual o Vento que vive sem se agitar?
E o pensamento? Estaria melhor ancorado?
E as ondas... ai as ondas,
Batem velozes,
Batem profundas,
Transformam-me em vozes
Em palavras contidas...
Porque ondas de vento são marés,
Vêm, trazem, voltam, levam...
E de tanto passarem no mesmo lugar alisam as terras, acalmam as vozes, calam os gritos.
Como se nunca tivessem havido ondas, como se sempre houvessem marés...
segunda-feira, 10 de maio de 2010
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Como morri?
Perdido num mundo vazio de tão cheio.
Durante anos mudei todos os dias de cama, comi de um tal pão que me matava a dependência fútil de alimento semanal, tive a honra de beber da mesma água que todas as pombas brancas e menos brancas. Perdi o hábito ou o lugar ou o conhecimento da higiene. O nojo pregou-me o olhar ao chão e a fraqueza esticou-me a mão.
Um dia acordei e estava sol, doía-me o peito e eu tinha acordado na rua, cheirava mal e as pessoas olhavam-me enojadas, mas estava sol.
Arranquei o olhar das pedras macias da minha cama e procurei apoio...
A dor aumentou.
Supliquei ajuda.
Caí de joelhos e chorei. Como nunca tinha chorado.
As pessoas não me vêem e as que me reparam desviam-se de mim. Caí no chão.
Senti-me a desmaiar.
Lembrei-me que já há muitos luares não provava o pão, nem a água…
A dor ficou mais forte e mais forte e forte! Não a aguentei.
Agarrei o peito e as vontades, agarrei o que perdi na dignidade que não sei onde deixei.
E morri ali.
No meio da rotina de tantas pessoas que nunca me viram.
Perdido num mundo vazio de tão cheio.
Durante anos mudei todos os dias de cama, comi de um tal pão que me matava a dependência fútil de alimento semanal, tive a honra de beber da mesma água que todas as pombas brancas e menos brancas. Perdi o hábito ou o lugar ou o conhecimento da higiene. O nojo pregou-me o olhar ao chão e a fraqueza esticou-me a mão.
Um dia acordei e estava sol, doía-me o peito e eu tinha acordado na rua, cheirava mal e as pessoas olhavam-me enojadas, mas estava sol.
Arranquei o olhar das pedras macias da minha cama e procurei apoio...
A dor aumentou.
Supliquei ajuda.
Caí de joelhos e chorei. Como nunca tinha chorado.
As pessoas não me vêem e as que me reparam desviam-se de mim. Caí no chão.
Senti-me a desmaiar.
Lembrei-me que já há muitos luares não provava o pão, nem a água…
A dor ficou mais forte e mais forte e forte! Não a aguentei.
Agarrei o peito e as vontades, agarrei o que perdi na dignidade que não sei onde deixei.
E morri ali.
No meio da rotina de tantas pessoas que nunca me viram.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
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Pedaços do que fui em folhas que já não tenho:
"Apetece-me fumar até o sol aquecer o fumo...
Apetece-me escrever até não conseguir estar acordada...
Apetece-me fugir de tudo...
Apetece-me dançar e esquecer o mundo...
Apetece-me fotografar a aurora até o sol se pôr e voltar a estar escuro na cama...
Apetece-me viver... "
de "as palavras que se repetem" por, AndreiaMateus
"Apetece-me fumar até o sol aquecer o fumo...
Apetece-me escrever até não conseguir estar acordada...
Apetece-me fugir de tudo...
Apetece-me dançar e esquecer o mundo...
Apetece-me fotografar a aurora até o sol se pôr e voltar a estar escuro na cama...
Apetece-me viver... "
de "as palavras que se repetem" por, AndreiaMateus
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